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terça-feira, 20 de julho de 2010

Prólogo

Os seus cabelos castanhos voavam ao sabor do vento enquanto o jovem descia velozmente pela estrada. O sol reluzia neles, fazendo-os brilhar, como se fossem pequenos pedaços de diamante em cada fio de cabelo. As suas mãos estavam nos bolsos, era já habito dele, detestava descer na sua bicicleta repleta de ferrugem com as mãos no guiador, gostava de sentir o vento no cabelo e na cara, e andava com as mãos os bolsos para mandar estilo, impressionando as raparigas que passavam por ele a pé. Estas soltavam risinhos abafados, e continuavam o seu caminho. O seu nome era Afonso. Afonso não tinha pais, vivia sozinho e trabalhava num café em part-time, apesar de raramente entrar a horas.

Metendo aos mãos ao guiador, Afonso começou a travar lentamente. Aproximava-se de um cruzamento bastante movimentado, mesmo antes da estrada nacional. Com uma derrapagem, travou a fundo mesmo no limite do sinal de STOP, que era bem visível, apesar de ferrugento e partido, provavelmente por um dos novatos de um dos muitos gangs da cidade, a tentar mostrar que merecia um lugar no grupo. Olhando para os dois lados, o jovem reparou que não vinham carros, e, fazendo força nos pedais, continuou a descer pela estrada de alcatrão. Fez uma ligeira curva à esquerda, e parou à beira de um armazém abandonado. Um profundo som de bateria saia do armazém e entrava nos seus ouvidos. ”Ele está definitivamente aqui” pensou Afonso, pousando a bicicleta perto de um poste, sem se dar ao trabalho de a amarrar. Todos os pequenos bandidos da cidade sabiam que, se lhe tocassem, iam ter problemas.

Arrastando a enorme porta enferrujada cuja emitia um som de duas mãos a arranhar um quadro, Afonso entrou lá dentro. As luzes estavam acesas. Um bilhar novinho em folha estava preparado para uma partida, um armário com diversas bebidas alcoólicas estava aberto, e uma televisão de plasma estava acesa, transmitindo um filme pornográfico de baixa qualidade. Um rapaz tocava uma bateria já bastante gasta com uma enorme violência, parecendo que a ia partir a meio. O seu nome era Alexandre, ‘Dré para as meninas e D’Alessandro para os clientes. Alex, como era chamado pelos amigos, era um traficante de droga. Parando de tocar bateria, Alex retirou um saquinho com um pó branco do bolso, e espalhou um bocado no crash. Tapando uma narina, sniffou tudo de apenas uma vez, soltando um uivo de emoção.

- Sabes, isso faz-te mal – Disse Afonso retirando um taco e preparando-se para abrir o jogo

- Como se tu não fumasses Marijuana… - respondeu Alexandre na maior das calmas. As suas roupas pretas, rasgadas davam a impressão de ser alguém pobre. Tinha o cabelo espetado, e um piercing na sobrancelha esquerda. Tudo o que ele tinha, era roubado, excepto claro, as roupas, que eram as mesmas que ele usava dia após dia. Alexandre nasceu num bairro obscuro, escondido nos cantos de uma cidade, algures em Portugal. A sua mãe dependia do álcool para afogar as mágoas da morte do seu pai, não trabalhava, e passava os dias fechada em casa a discutir com o espelho. Um pequeno barulho soou quando Afonso enviou a bola branca contra as restantes em forma de triângulo, não tendo nenhuma entrado num buraco. Pegando no giz, Alexandre pintou a ponta do taco. Fazendo pontaria, meteu a primeira bola, a segunda, terceira, quarta, quinta, e sexta. Alexandre praticava durante horas em sua casa, era um verdadeiro profissional. Picando a bola por baixo para esta passar por 2 de Afonso, Alexandre meteu por fim a preta, terminando o jogo.

- Ainda não sei como consegues fazer isso, é escusado jogar contigo – Suspirou Afonso, profundamente. Pousou o taco e dirigiu-se para o exterior, acompanhado de perto pelo seu amigo punk.

- Muita prática caro amigo – Respondeu o Dealer com um riso fora do normal. Os seus olhos vermelhos diziam tudo por ele. Pegando nas suas bicicletas, Alex e Afonso dirigiram-se para baixo, em direcção à praia. O calor emitido pelo Sol era imenso, o qual só se desaparecia com um belo banho no mar, que, por sinal, parecia estar bom visto de longe.

- Vamos voltar para trás – disse subitamente Afonso, derrapando a fundo.

- Porque? – Retorquiu Alex, travando com a roda da frente, fazendo uma égua, e virando a bicicleta para o seu colega, que estava uns metros atrás.

- O tempo vai encobrir, não vai estar bom para praia – respondeu, seco, dando a volta.

- Estás é tolo! Este lindo sol vai desaparecer? Andas a fumar demasiado! – disse Alexandre num riso sarcástico, prestes a recomeçar a descida em direcção à praia, às meninas de biquíni e ao mar azul.

Num ápice, umas nuvem negras taparam o sol, e nevoeiro começou a surgir ao fundo da rua, encobrindo o mar. Parecia obra de algo sobrenatural.

- Sabes, tu por vezes assustas-me… - Disse Alex começando a pedalar para cima, pesadamente.

Afonso soltou uma gargalhada mostrando os seus dentes amarelos. As suas olheiras eram bem visíveis, não andava a dormir muito bem ultimamente. Ganhando velocidade, conseguiu aproximar-se de Alex, acompanhando-o.

- Sabes, devias dormir mais de vez em quando – continuou o jovem traficante, dando numa de pai protector. As suas pupilas estavam mais pequenas e ele não parecia tão eufórico.

- Eu não durmo, eu espero – respondeu Afonso com um ar sério. Franziu a testa, para dar um ar mais pesado à frase

- Vais-me dizer que és o Chuck Norris queres ver? – Respondeu Alex com mais um riso sarcástico. A sua gargalhada era impossível de ignorar. Estridente, parecia o som do seu prato de 14 polegadas.

- Não, apenas estou morto – retorquiu o jovem, com um semblante ainda mais sério, acelerando.

Um calafrio atravessou o corpo de Alex, e riram-se os dois intensamente, continuando a longa subida em direcção ao velho armazém.

Caçadores de Almas

Olá! O meu nome é Joel e sou um rapaz de 15 anos que está a escrever um livro! Aqui podem ler um excerto do dito cujo, mais própriamente, o Prólogo, 1º e 2º Capitulo. O resto, só comprando o livro, se arranjar editora! Espero que se divirtam a ler tanto como eu me divirto a escrever!

Cumprimentos, Joel